Estou com tanto sono...! Tanto que meus olhos não me obedecem (depois do almoço, então, é que a coisa fica pior). E eu não consigo me concentrar como deveria. Aliás, faz tempo que não me concentro como deveria e estou tendo que ser mais organizada que de costume porque minha memória falha feio muito frequentemente. Isso me dá grande desgosto: eu tinha boa memória e aprendizado bem mais rápido antes desse monte de remédios que tenho que tomar (são muitas as vezes que penso em parar tudo, jogar tudo pro alto... E confesso que só não faço isso por causa de Biel). Acontece que realmente tenho dormido pouco, o que é mais uma causa para a falta de concentração e memória podre. Mesmo tomando remédio, não consigo dormir antes de 01:30. Aí, acordo 5:00 pra trabalhar. Durmo toda torta dentro do ônibus (e já começam a aparecer os sinais de problemas de coluna e musculares), mas não é um sono que descansa porque acordo toda hora. Entretanto, ontem foi uma exceção: o nível de cansaço era tanto que, ao retornar pra casa, perdi o ponto. Fui parar bem distante e tive que voltar tudo a pé, o que me rendeu algumas bolhas e muita dor no calcanhar (e hoje meus pés estão tão inchados quanto quando eu estava grávida de Gabriel).
Quando chego em casa, não tenho vontade de fazer absolutamente NADA. E nos fins de semana estou cansada demais para fazer tudo que tenho que fazer e ainda sair e brincar com meu filho (que, tadinho, nem tem culpa dessa minha vida de cão). A verdade é que não agüento mais ficar muito tempo nessa situação de viajar todo dia. Preciso de uma promoção – e rápido! – pra ter condições de vir pra Macaé com meu filho. Ou morar em Rio das Ostras (não consigo gostar de Macaé!). Preciso começar a mexer aqui e acolá porque se a esperada promoção não vier, vou ter que bater o pé pra voltar a embarcar.
Agora, olhem que estranho: ando tão desiludida que nem tenho vontade de embarcar (incrível isso, né?), nem de trabalhar no escritório, nem de nada aqui. Como alguns já palpitaram, talvez seja hora de mudar de empresa, de ramo ou sei lá. Seria bom se eu soubesse por onde começar. Não é impossível, mas também não é fácil quando já se é balzaquiana e com um filho de 2 anos pra criar (sem falar que, como sou concursada, tenho uma certa “estabilidade” aqui). De qualquer forma, vou tentar fazer um balanço de fim de ano. Não sei se vou fazer listinha de metas pra 2011. Provavelmente não porque essas coisas nunca funcionam comigo.
Definitivamente, não vou à festinha de “confraternização” do setor. Nem irei à da empresa contratada porque baixaram uma espécie de decreto proibindo o pessoal de contratos de participar dos almoços das contratadas. Achei profundamente estranho (pra não dizer escroto, dentro outras palavras de baixo calão que me ocorrem agora). Por que isso? Ora, os “chefes” (supervisores, coordenadores e gerentes) foram. Agora me diz: uns “Zé ninguém” que nem a gente seriam alvo de tentativa de suborno ou seja lá o que for que eles imaginam? Pra que se não temos poder de decisão? Agora, continuem pensando comigo: os “chefes” tem poder de decisão! Consequentemente, muito maior a chance de que eles recebam essas tais tentativas de suborno. Mesmo assim, eles podem participar. Só a ralé tem que se fo... desculpem... Ferrar é mais politicamente correto. Mais um ponto que gostaria de mencionar: e essa coisa de exemplo ter que vir de cima? Enfim, se alguém aí pensa que isso aqui é uma piada, eu confirmo... É mesmo. E de mau gosto, por sinal. As desigualdades não param aí. Outro “decreto” que foi baixado aqui, só pra confirmar nossa posição de “dalits” nesse sistema de castas que rege a empresa: agora só gerentes, coordenadores, supervisores e afins podem estacionar seus caros carros aqui dentro. O resto tem que deixar seus humildes meios de locomoção num estacionamento que fica a léguas de distância (e que eu, carinhosamente, chamo de poeirão... Acho que dá pra imaginar o motivo, né?). Que nojo disso tudo! Nada diferente do resto do país, diga-se. Apesar de ser comum, não consigo entender, aceitar... sei lá! Todo tipo de injustiça me enoja. Então, eu reclamo e falo mesmo (pra quem quiser ouvir, inclusive os chefes). Nada vai mudar, mas pelo menos diminuem minhas chances de ter câncer, problemas de coração ou morte por sufocamento (de tanto sapo que temos que engolir).
Já escrevi demais. Vou voltar ao trabalho e fazer jus ao magnífico salário que eu ganho . Pensando bem, só o que fiz na parte da manhã já paga essa fortuna... Mas eu sou brasileira – e, portanto, idiota - e vou continuar trabalhando. Devia seguir o exemplo de um monte de gente aqui e ficar enrolando, mas ainda não consigo. Um dia eu atinjo esse nível superior e fico aqui com a cara pra cima na maior. Preciso treinar...
Eis um “consolo” (se é podemos chamar assim): a semana termina mais cedo, pois seremos dispensados sexta. Alguém aí pensou que a empresa é boazinha? "Pô, Tathiana... Você reclama a toa e blábláblá...". Hahahahaha. Foi mal, gente, não pude controlar o riso. Deixa explicar: todos os funcionários entram 2011 com 16 horas negativas (a dispensa do dia 24 e 31 de dezembro), ou seja, devendo à empresa. Tem mais: se o sujeito quiser vir trabalhar pra não ficar negativo, não pode. A empresa não deixa!!!!! Alguém me explica isso, por favor?
Sobre o título do post, explico:
“Ê, ôô, vida de gado...” (do Zé Ramalho) é o fundo musical. Apropriado, não?
Sobre os “dalit” da Índia e de todos os lugares do mundo (porque nós também vivemos num sistema de castas, embora seja inteligentemente mascarado).