Então...

terça-feira, 31 de março de 2009

A boa notícia é que poderei tirar meus dias acumulados de folga (que são 25) após minhas férias (que terminam dia 09/03). Não resolve meu problema de ter que ficar longe do meu bebê, mas permite que eu me organize melhor. Gostaria também de me preparar psicologicamente para enfrentar essa situação, porém, sinceramente, acho impossível. Nada pode me preparar para o que está por vir: a tristeza, a saudade, a preocupação, aquele sentimentozinho de culpa das mães que trabalham fora, entre outras coisas. Bom, que seja o que Deus quiser.

Fiz um pedido ao Professor Xavier: que me listasse os melhores livros que já leu, os livros que o marcaram. E ele atendeu muito bem (obrigada, Prof. Xavier! Eu adorei, fiquei realmente muito feliz!). E depois de ler o post dele, percebi quanto é difícil essa tarefa! Pedi uma coisa que eu mesma acho que não conseguiria fazer! De qualquer forma, adoraria que vocês deixassem dicas de livros aí nos comentários. Desde já, agradeço por compartilharem suas preferências comigo. E não deixa de ser um presente para mim, é como estreitar laços... porque entendo que os livros que lemos (especialmente aqueles que nos marcam) podem nos influenciar de tal forma que se tornam uma pequena parte do que somos.

A propósito, terminei de ler "Um estranho numa terra estranha". Se eu gostei? Sim, muito. O Robert Heinlein prendeu minha atenção com a história do humano Valentine Michael Smith nascido em Marte e criado por marcianos. Ao retornar à Terra, o "Homem de Marte" tem que aprender tudo sobre o planeta, a sociedade, os comportamentos e emoções humanos. E, claro, o autor usa essa situação para nos levar a pensar (e questionar) sobre o que somos, porquê somos e como vivemos, com uma visão crítica a respeito da sociedade, da política, da religião, das artes, dos relacionamentos humanos.

Trechinhos:

"O universo era, na melhor das hipóteses, um lugar estúpido... mas a explicação menos provável disso era a não explicação da possibilidade fortuita, o conceito de que algo abstrato "acontece"..."
"Não, ele não podia engolir a teoria do "acontece", por mais popular que fosse entre os homens que chamavam a si próprios de cientistas. (...)
Existe alguma base suficiente para preferir uma hipótese a outra? Quando não se entende um problema, a resposta é: NÃO!"



(Imagem da Caryatide à la pierre, de Rodin)


"... durante três mil anos, os arquitetos desenharam edifícios com colunas em forma de figuras femininas. Um dia Rodin achou que aquilo era um trabalho pesado demais para uma moça. Ele não disse: «Olhem, seus brutamontes, se vocês têm de fazer assim, então usem musculosas figuras masculinas. Não, ele mostrou. Esta pobre pequena cariátide sucumbiu ao peso. Ela é uma boa moça! Olhe seu rosto. Sério, infeliz por ter falhado, não pondo a culpa em ninguém, nem mesmo os deuses... e ainda tentando sustentar a carga sob a qual tombou.

Ela é porém mais que boa arte denunciando a má. É um símbolo para todas as mulheres que sempre carregaram nos ombros uma carga pesada demais. Mas não só mulheres. Este símbolo significa cada homem e cada mulher que suportaram o peso da vida com coragem, sem se queixar, até que tombaram sob ele. É coragem, Ben, e vitória.

— Vitória?

— Vitória na derrota, a mais importante. Ela nunca desistiu, Ben. Ainda está tentando levantar a pedra que a esmagou. Ela é o pai que trabalhando, corroído pelo câncer, para levar para casa mais um salário. É a menina de doze anos tentando substituir a mãe junto aos irmãos e irmãs porque a mamãe teve de ir para o Céu. É a telefonista se mantendo no posto, sufocada pela fumaça, enquanto o incêndio se alastra, impossibilitando sua salvação. Ela é todos os heróis anônimos que não escaparam, mas lutaram até o fim".



(Pequena sereia, de Hans Christian Andersen)

"Ela está no porto de Copenhague e simboliza todos os que tiveram que fazer uma escolha difícil. Não se arrepende, mas tem de pagar o preço. Toda escolha tem seu preço. no casdo dela não é só a saudade eterna. Ela nunca será totalmente humana. Quando usa os pés, que lhe custaram tão caro, cada passo é como se andasse em pontas de facas".

"— «Tu és Deus», não é uma mensagem de alegria e esperança, Jubal. É um desafio, uma afirmação audaciosa e inabalável de responsabilidade pessoal. Mas - continuou, triste - muito raramente consigo fazer com que entendam isso. Só os poucos aqui conosco, nossos irmãos, me com­preenderam e aceitaram a amargura ao lado da doçura, ergueram-se e beberam: grokkaram. Os outros, as centenas e milhares de outros, só quiseram ver naquilo um prêmio que se obtém sem lutar, uma «conversão», ou não tomaram conhecimento. Dissesse eu o que dissesse, continuaram a pensar em Deus como um ser existente fora deles. Um ser que ansiava por acolher no seu seio não importa que preguiçoso pobre de espírito. Recusaram-se a encarar o fato de que são eles que devem fazer um esforço e que são eles os responsáveis pela situação na qual se encontram".

E, como diria o "Homem de Marte": Partilhemos água, meus irmãos. E que vocês nunca tenham sede. :)

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