Li hoje um e-mail que recebi há 3 anos e meio. Parece que foi ontem e ao mesmo tempo parece ter sido há cem anos atrás. Nada demais no conteúdo. Mas tudo de especial na forma carinhosa e apaixonada de escrever, na atenção, na vontade de partilhar os acontecimentos... Por alguns segundos, senti uma certa saudade melancólica. Alguns segundos. Depois passei a mão pela cabeça como quem passa a mão num quadro negro para apagar palavras escritas com giz. A tarde me aguardava com o trabalho que exige meu lado prático. (Sim, eu tenho esse lado prático. Só preciso aplicá-lo um pouco mais à minha vida pessoal...)
A seta e o alvo
Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.
Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.
Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.
Eu lanço minha alma no espaço,
Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.
Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.
Eu corro todos os riscos,
Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!
Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?
Paulinho Moska e Nilo Romero
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