Não estou nos meus melhores dias. Nem nas minhas melhores noites. A insônia resolveu atacar. E não podia ter escolhido época pior.
Ando muito cansada. Quando chego em casa, não tenho mais vontade de brincar com meu filho. Nos finais de semana, só saio de casa para fazer coisas pro Gabriel – e mesmo assim, contra minha vontade.
Esse trabalho administrativo mais as viagens 5 dias na semana me consome. Não tenho tempo de ler um livro, cuidar das unhas ou cabelos, ver um filme... Nada! Sábado e domingo não tenho disposição pra coisa alguma. A única vantagem em estar sempre tão ocupada era não ter tempo nem de pensar. Agora tenho tempo, já que não consigo dormir. Tempo de madrugada e tempo dentro do ônibus durante as viagens. Nessas horas, não dá pra fazer nada além de pensar, pensar, pensar.
É aí que meu cansaço aumenta exponencialmente. Cansaço acumulado do trabalho, do fato de não dormir e do ato de pensar. Porque as coisas nas quais eu penso só me fazem sentir ainda mais cansada – talvez seja o que me pese mais. Estou cansada de falar e não ser ouvida. De esperar pelo que não vem. De nunca ser reconhecida. De desejar atenção e companheirismo de quem não tem a oferecer. Das expectativas que nunca se cumprem. De fingir que dou conta de tudo sozinha sem surtar. De ouvir cobranças de quem não faz o menor esforço (e o pior: acha que está fazendo muito). De quem acha que eu tenho que sorrir quando uma parte do (meu) mundo está desabando.
Estou muito, muito cansada. Quero fechar os olhos e dormir. Quero que meu coração adormeça e feche as portas.
"O mundo é de quem não sente. A condição essencial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade". (Fernando Pessoa)
"Amar é cansar-se de estar só: é uma covardia portanto, e uma traição a nós próprios (importa soberanamente que não amemos)". (Fernando Pessoa)
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