Colocando os pés no chão (ou tentando...)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Li hoje um e-mail que recebi há 3 anos e meio. Parece que foi ontem e ao mesmo tempo parece ter sido há cem anos atrás. Nada demais no conteúdo. Mas tudo de especial na forma carinhosa e apaixonada de escrever, na atenção, na vontade de partilhar os acontecimentos... Por alguns segundos, senti uma certa saudade melancólica. Alguns segundos. Depois passei a mão pela cabeça como quem passa a mão num quadro negro para apagar palavras escritas com giz. A tarde me aguardava com o trabalho que exige meu lado prático. (Sim, eu tenho esse lado prático. Só preciso aplicá-lo um pouco mais à minha vida pessoal...)

A seta e o alvo

Eu falo de amor à vida,
Você de medo da morte.
Eu falo da força do acaso
E você de azar ou sorte.

Eu ando num labirinto
E você numa estrada em linha reta.
Te chamo pra festa,
Mas você só quer atingir sua meta.
Sua meta é a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.
Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era.
E o que era?
Era a seta no alvo,
Mas o alvo, na certa, não te espera.

Eu grito por liberdade,
Você deixa a porta se fechar.
Eu quero saber a verdade
E você se preocupa em não se machucar.
Eu corro todos os riscos,
Você diz que não tem mais vontade.
Eu me ofereço inteiro
E você se satisfaz com metade.
É a meta de uma seta no alvo,
Mas o alvo, na certa não te espera!

Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada,
Quando se parte rumo ao nada?

Paulinho Moska e Nilo Romero

Se os tubarões fossem homens

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os peixes pequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não moressem antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.

Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente os tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.

Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos e outros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.

Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões.A música seria tão bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra na frente, entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos. Também haveria uma religião ali.

Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião. E só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiros da construção de caixas e assim por diante. Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.
Bertold Brecht

Uma imagem que expressa mais do que palavras...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O que eu queria hoje.


PS: Há alguns dias não consigo acessas alguns blogs (do Blogger). DO, Lilica e outros... Espero que normalize logo.

Das coisas que só acontecem comigo

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Há quase 3 semanas atrás, recebi um torpedo de alguém terminando o relacionamento comigo. Alguém que, por sinal, escrevia tudo errado. Coisas do tipo “Valeu o tempo que agente ficamos junto...”. Sabia que não podia ser comigo porque, sem querer ser preconceituosa (mas talvez correndo risco de ser), não lembro de ter me relacionado com ninguém que escreveria “agente” junto e sem nenhuma concordância, dentre outras pérolas tipo “não vai ter volta pos voce desligou...”, “vomos continuar sendo bom amigos...”. Pensando no sofrimento da pessoa que enviou a mensagem com o término do relacionamento, mandei uma resposta, esclarecendo que o e-mail parou no celular errado e tal. A pessoa agradeceu no dia seguinte e ainda me enviou um trecho de um salmo da Bíblia à noite.

Mas aí, ontem, eis que recebo um outro torpedo. Com direito a foto e legenda “Gata, esse sou eu. Manda uma foto sua aí”. Não respondi, né? Mas aí começa a aparecer mais e mais mensagens do tipo “Gata vc ressebeu a foto?” (pô, com “ss”?) e coisas semelhantes. Antes que ele se empolgasse e me ligasse, eu mandei um feedback, explicando que eu não era a tal “Samira”. Daí ele me manda “E você é casada?”. Ah, fala sério, gente. Sem resposta, né?

Fora que toda semana alguém me liga procurando um tal de Eduardo. E deixa mensagens de voz sem emitir uma palavra (ao fundo, barulho de carro e um monte de gente falando).

Começo a pensar que pode ser hora de mudar meu número... (Talvez até a operadora, quem sabe?)
 

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