Quase normal, mas não sei falar inglês (ou "Que porcaria de título de post é esse?")

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Ahá! Já sou quase considerada normal (ou digna de um Oscar, sei lá! Rs). Sim, eu me saí bem com o psicólogo também e estou quase lá (lá onde? No meio do mar, né, gente?). Tudo bem que ele poderia ter evitado algumas perguntas que eu mesma tenho evitado a mim mesma tipo " e sua vida amorosa?". Pô, qual é? Não sabia se ria, chorava, mandava ele se catar, perguntava que que ele tinha a ver com isso ou dizia calmamente que "atualmente tenho outras prioridades na minha vida". Após 2 segundos de reflexão, preferi ficar com a última e segura alternativa. Meu gerente será chamado e avisado que fui considerada apta a embarcar, embora a recomendação seja para que o primeiro embarque dure apenas 7 dias. Ah, tá bom demais! E é até melhor porque aí vou me readaptando. Tá certo, não ganhei na mega-sena nem nada... Mas pra mim é uma conquista importante, quase me sinto um passarinho cuja porta da gaiola está prestes a ser aberta.

Fora isso, um almoço ontem com meus amigos e um gringo que está fazendo um trabalho pra uma contratada aqui no Brasil (e esse é o auge da minha atual vida social... Deprimente. Tsc). Eu nunca fiz curso de inglês nem de nenhum idioma (nem creio ter paciência pra isso. Podem me crucificar dizendo que é importante pra carreira, blábláblá... É mesmo. Mas esse negócio de ficar sentando pra estudar gramática, dá pra mim, não. "Façam o que eu digo, não façam o que eu faço"). O pouquíssimo que eu sei é da faculdade (e os inúmeros papers da área de biologia que eu tinha que ler - todos em inglês, claro), alguma coisa de músicas que escuto ou filmes e séries que a gente assiste (ou assisitia antes de ter filho). Daí, fomos almoçar. Mas eu entendia o que o gringo estava dizendo, embora ele falasse apenas com um amigo mais fluente na língua. No carro, na volta pro trabalho, dois assuntos: mulheres e custo de vida em Macaeca city (diga-se de passagem, conversa só entre o gringo e o meu amigo). Poxa, eu tiver que rir dos comentários do gringo. Aí ele me olhou e disse “Hei, you speak english!”. Falo nada, gente! Nem uma palavra – porque, afinal, eu não ia passar essa vergonha, né? Mas entender... aí é diferente! Rsrs.

Juro que se eu tivesse que viajar sozinha pra fora do Brasil, eu ia surtar. Tenho pavor da idéia. É, sou roceira ou qualquer termo parecido que queiram me atribuir. Mas a verdade é que levei cerca de um ano embarcando na mesma sonda, com os mesmos gringos, pra ter coragem de arriscar umas frases aqui e acolá. Eles ficaram surpresos - certamente mais surpresos do que o gringo aí de cima. E eu continuei dizendo que não sabia mesmo falar e nunca tinha feito curso, mas eles não acreditaram.

Sabe, eu acho que meu baby puxou ao pai e tem facilidade pra idiomas – apesar do baby preferir números a palavras (meu oposto total! Rs). Aprendeu “dog” sozinho num brinquedo bilíngüe logo que começou a dizer as primeiras palavras em português – o que surpreendeu todo mundo lá em casa. E repete o nome dos bichinhos do programa da Discovery Kids “Word World”. Fofo. Em compensação, me ignora completamente quando faço perguntas que ele considera idiotas. Há 3 semanas eu venho perguntando: “Qual seu nome, filho?”. Ele sabe, claro. Já sabia muito antes de começar a sequer engatinhar porque a gente chamava e ele atendia. Mas eu perguntava, perguntava e nada. Ontem, na farmácia, a moça perguntou: “Qual seu nome?” e ele: “Gabiel” (é, sem o “r” mesmo). Um outro moço perguntou e ele respondeu “Biel”. Pô, meu filho deve me achar uma velha imbecil que fica perguntando o nome dele quando é evidente que eu já sei. Era por isso que ele me ignorava solenemente quando eu perguntava. Só me resta imitá-lo e dizer “Caraca! Puxa vida!” Rs.

PS: A propósito, “caraca” e “porcaria” são o máximo de palavrões que posso usar agora porque ele parece um papagaio! Pensei em atacar de “Shit” de vez em quando, mas - além de não saber falar inglês, claro! rs - se tem uma coisa que eu aprendi é que meu filho não é bobo e brevemente, além de imitar, usaria no contexto certo.

E pra quem gosta de refletir:
 
"Nunca alcançarás uma meta maior do que aquela a que te propuseste." (E.G.White)

Grandes questões do (meu) universo

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Então, a gripe não é bem uma gripe: é uma sinusite (que, aliás, está me dando trabalho apesar de eu nem ter vindo trabalhar ontem por causa da febre e dor no corpo - o que transforma isso numa espécie de trocadilho ridículo). Mas eu ficar doente... Qual é a novidade, né? (e nem venham me chamando de hipocondríaca!)
Pior é meu baby. Está com sinusite também. E o trabalho é mil vezes maior. Porque a febre dele passa de 39 graus. E porque, se antes ele vomitava qualquer remédio, agora ele sabe cuspir. Então, primeiro cospe, depois vomita. Gastei um frasco inteiro de anti-térmico com ele. Seria quase normal se não fosse pelo seguinte fato: ele não tomou nenhuma gota. Imaginem aquela cena de "O exorcista" em que a menina se contorce e sai vomitando verde. Tentar ministrar um medicamento ao meu filho é algo parecido, exceto pela cor verde. Daí, não tem jeito: supositório e injeção. E na hora da injeção é ele chorando de um lado e eu chorando do outro. "Ser mãe é padecer no paraíso" e blábláblá.

Sobre a resposta da zona, ops, setor médico: "Você poderia comparecer amanhã para uma nova consulta?". Vejam a interrogação no fim da frase. Ou seja, não recebi resposta nenhuma, só uma outra pergunta. Fazer o que, né? Vou ter que falar com o psicólogo amanhã. Já passei pelo psiquiatra, poxa. Quantas vezes vou ter que parecer normal? E a pergunta, a grande pergunta que não quer calar: alguém que trabalha embarcado é totalmente normal?
Por hoje , deixarei vocês com essa questão de fundamental importância para "a vida, o universo e tudo mais". (Pra quem não entendeu a referência, leia O guia do mochileiro da Galáxia, de Douglas Adams).

Gripe, dramas, etc e tal

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Fim de semana = alergia + gripe + ansiedade + batida no carro do meu irmão (que o fez perder a prova de um concurso) + churrasco na casa de papai (todos lá fora e eu jogada no sofá da sala com o corpo parecendo que levei uma surra).

Segunda-feira (hoje) = gripe + indisposição + gripe + tempo frio + gripe + trabalho que não rende + gripe + arrependimento de ter levantado da cama + gripe + luta contra o relógio (ô hora que não passa) + gripe + desejo profundo de ter um poder: o do tele-transporte.

Mais uma: aguardando resposta da zona, ops, setor médico, que já devia ter me liberado pra embarcar há, pelo menos, um mês!!! Que não ousem deixar passar desta semana. Porque na semana que vem, tô no curso de salvatagem e combate a incêndio (não que seja legal, mas se é preciso renovar pra embarcar, lá vamos nós). Meu supervisor autorizou, por isso rasguem-se e ateiem fogo a si mesmos aqueles que pensam que vão me impedir. Sim, tem gente que quer impedir! E, sim, sou melodramática!!! Se não conseguir voltar a embarcar, vou fazer um teste pra atriz da globo. E se não passar no teste, talvez aceite o patrocínio oferecido pelo pai do meu filho pra escrever um livro. Ele sugeriu inicialmente que eu escrevesse "O que os homens deveriam saber sobre as mulheres para o relacionamento dar certo". Aí lembrei a ele que todos os meus relacionamentos fracassaram. E concluímos que eu deveria, então, escrever um livro sobre "Como fazer um relacionamento fracassar!".
Porque dizem que devemos fazer três coisas antes de morrer: "Plantar uma árvore, ter um filho, escrever um livro". Bom, estou considerando o feijãozinho que eu plantei no maternal e o arroz que plantei  numa espécie de estufa para parte da minha monografia no curso de biologia, pois, embora não sejam exatamente árvores, fazem parte do reino vegetal. O filho taí: o mais lindo e inteligente (e com a mãe mais modesta). Só falta o livro. Então, pode rolar. Pelo menos já tenho o tema. E boa parte do material! rs.

Bom, escrevi bastante besteira por hoje. Culpa da gripe e da falta do que fazer além de esperar e cobrar a rapidez dos meninos do financeiro (tô super amiga deles, mesmo sem jamais tê-los visto... lembram que eu disse que posso ser super gente fina?), porque vou terminar esse trabalho idiota essa semana (ah, se vou!). O chato é que vou parecer eficiente demais pros padrões desse lugar (tsc). O bom é que eu quero ver se "neguim" (essa expressão me faz lembrar meu irmão! rs) vai conseguir me impedir de fazer os "agradáveis" cursos acima mencionados (aquele de se jogar de cerca de 6 metros dentro de uma água poluída e se arrastar com máscara de piloto de corrida dentro de uma cabaninha em chamas)...!

E pra não dizer que não escrevi nada de útil hoje, uma pequena reflexão:

"Aprender sem pensar é inútil. Pensar sem aprender é perigoso." (Confúcio)

Definitivamente, não sou boa em dar títulos aos posts (ou a qualquer coisa que escrevo)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Nem precisava de asas. Só de um carro que eu pudesse dirigir com a janela aberta bagunçando o cabelo, simulando a liberdade que não consigo sentir. Pediria ainda menos: um ônibus que saísse daqui agora e me levasse pra casa. Então, eu ficaria no meu quarto – único refugio, único lugar meu – e deitaria. Seria bom dormir até amanhã. Pensando bem, o ideal seria hibernar por algumas semanas, mesmo que o inverno já tenha terminado. Afinal, de que adianta ser primavera se não há flores no meu jardim? Daqui, por detrás dessas paredes frias e das baias com computador e sem nenhuma privacidade, parece que nem existem jardins.

Agora me lembrei que uma vez, numa certa sonda, num certo embarque que mudaria meus rumos, encontrei vaso com plantas do lado de fora das acomodações. Foi divertido o contraste daquela planta ali, no meio do mar pra todos os lados. Na verdade, aqueles dias me pareciam mágicos. No entanto, eram reais e, infelizmente, eu não entendia bem a imensidão de tudo aquilo. Ou talvez eu entendesse. Talvez eu entendesse até demais e por isso tive medo.

É hora do almoço (por que o tempo parece estar contra mim em plena sexta-feira?). Todos foram almoçar e eu fiquei. Nada demais porque estar com 1, 2 ou meia dúzia de pessoas do trabalho não anularia esse sentimento de solidão. Sou um peixe fora d’água. Sempre fui. Quem se importa? Esse deslocamento nem é grande coisa, ainda que eu sempre tenha desejado ser normal, me enquadrar. Agora, eu quase aceito que isso não vai acontecer. E, bem, acho que isso significa que eu quase me aceito como sou.

Das bobagens que escrevo - parte 2

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sheila vivia em um orfanato. Tinha seis anos. Morava lá desde que se lembrava. Não tinha recordações de seus pais. Lamentava principalmente não lembrar nem saber de nada a respeito de sua mãe. Era assim com a maioria das crianças do orfanato, que totalizavam 47. Crianças mais novas que ela. E mais velhas também. Já vira algumas serem adotadas, geralmente as menores. Sabia que quanto mais o tempo passava, menores suas chances de ter uma família de verdade. Por isso, odiava seu aniversário.

Era época de Natal. Coincidentemente, era também época de seu aniversário. O que havia de bom era que sempre ganhavam presentes de pessoas imbuídas do “espírito natalino”. Apareceu um grupo dessas pessoas no orfanato. As freiras colocaram as crianças em duas filas: a dos meninos e a das meninas. Quando chegou sua vez, ela recebeu um pacote caprichosamente embalado. Olhou para a moça que havia lhe entregado. Parecia um anjo. Com cerca de 16 anos, tinha longos cabelos castanhos e vestia um delicado vestido branco com detalhes em azul. A moça sorriu para ela. Sheila sorriu de volta. Sentou-se num dos bancos do jardim, meio afastada da algazarra das outras crianças. Abriu seu pacote. Uma boneca linda, com um cordão prateado no pescoço.

A algazarra diminuía; os presentes estavam acabando e todas as crianças haviam recebido um. A moça que parecia um anjo aproximou-se dela e perguntou a Sheila se havia gostado do presente. Ela, abraçada com a boneca, respondeu que sim.

- Gostaria de passar a noite de Natal em minha casa?

- Eu posso?

- Claro, pedirei às irmãs.

Foi assim que, na véspera de Natal, a moça que parecia anjo chegou para buscar Sheila. A menina havia colocado seu melhor vestido e trazia a boneca, da qual ela não havia mais se separado, nos braços. A moça segurou uma das mãos de Sheila e caminharam alguns quarteirões até chegarem a uma casa simples, mas bonita e aconchegante. Sheila viu muitas fotos nas estantes, mas antes que pudesse perguntar quem eram, a moça a chamou.

- Me ajuda a pôr a mesa?

- Claro.

A mesa tinha uma toalha rendada branca e vermelha. Linda. E ficou ainda mais bonita quando a arrumaram com pratos, copos e talheres prontos para a ocasião. Foi então que surgiu uma senhora de cabelos grisalhos, com um sorriso aberto, desses que iluminam o ambiente.

- Seja bem-vinda. – disse-lhe a senhora. E abraçou Sheila como se fossem velhas conhecidas.

- Mamãe! – exclamou a jovem, vindo se juntar às duas no abraço.

Comidas e bebidas foram servidas e a menina e a moça se divertiam ouvindo as histórias que a senhora de cabelos grisalhos contava. Falava sobre seu esposo, que já havia sido “chamado pelo Senhor”, mas que tinha deixado boas lembranças.

-Ele iria adorar você. – comentou a senhora com seu sorriso inigualável.

Sheila estava feliz. Feliz como nunca tinha se sentido em sua vida. A ceia estava deliciosa, tudo era perfeito. Mas como todo sonho bom, sempre acaba. E, assim, chegou a hora de voltar ao orfanato. Ela pegou sua boneca e a moça novamente segurou uma de suas mãos, conduzindo-a no caminho de volta. Na frente do orfanato, uma lágrima silenciosa rolou pela face de Sheila. A moça que parecia anjo viu a lágrima cristalina. Então, tomou delicadamente a boneca das mãos de Sheila. Retirou o cordão prateado da boneca e abaixou-se de forma a ficar no mesmo nível da menina. Colocou o cordão no pescoço de Sheila. Deu-lhe um beijo no rosto. E sussurrou “Não se preocupe. Tudo vai dar certo”. Então a moça se levantou. E foi só então que Sheila percebeu que no pescoço dela reluzia o mesmo cordão, com o mesmo pingente. Sheila sorriu.

Uma semana depois, uma jovem senhora surgiu no orfanato. Ela vinha com seu esposo que, no momento, conversava com uma das freiras. Sheila, que brincava no meio de outras tantas crianças, viu o casal. No mesmo instante, seus olhos cruzaram com o da jovem senhora, que se aproximou, se abaixou perto de Sheila e disse: “Filha querida!”. E abriu um sorriso que iluminava tudo pouco antes de abraçar a menina. Sheila não teve dúvidas: o mesmo sorriso, o mesmo perfume... Os cabelos não estavam grisalhos, mas era a mãe da moça que parecia anjo. Sheila procurou saber da moça, descreveu-a... A jovem senhora, no entanto, não sabia de quem ela falava. Instintivamente, Sheila segurou o pingente que estava em seu pescoço. E entendeu tudo: aquela moça era ela.

"Não há maior prova de ignorância do que acreditar que o inexplicável é impossível." (S. Bilard)

 

Trabalho (ou "Sobre o que me consome") - parte 2

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Hoje estão os “chefes” reunidos, tratando da tal reestruturação que vai rolar por aqui. Estou tentando não me importar... Mas essa coisa toda vai, sim, me impactar. Só queria, pelo menos uma vez, um impacto positivo. Não é pedir muito, é? Será que é querer demais ter uma vida além disso aqui? Que faltem perspectivas profissionais: já me acostumei. Mas que, ao menos, eu possa embarcar e ter folgas, porque nas folgas eu nem me lembro da falta de perspectiva de crescimento, não fico sabendo das fofocas maldosas, das “alianças” maquiavélicas... Nada!

Com certeza, há coisas muito mais interessantes lá fora. Há sol, vento, chuva, lugares para ir! Há vida! Há a possibilidade de eu voltar a sonhar e fazer planos. E eu quero - na verdade, eu preciso! - cuidar de mim. Quero passar mais tempo com meu filho, um tempo em que eu não esteja sempre irritada e sem vontade de fazer qualquer coisa.
Estou sufocando aqui dentro. Definhando.

Entendam, não vai ser fácil embarcar e ficar 14 dias sem ver meu filho. Eu ainda vou escrever reclamando e chorando muito aqui no blog (ou em qualquer outro lugar) por causa disso (se eu conseguir voltar a embarcar, claro). Digo mais, sou capaz de me deixar ficar aqui presa se meu filho não se adaptar aos meus embarques e folgas. Mas eu preciso tentar. Realmente preciso porque estou no meu limite.

Tirinha do André Dramer (Os Malvados)
 
PS: Devo estar tomando os remédios errados! rs. Alguém me manda um desses "pra suportar o trabalho"?
 

Mais de trabalho - o título também pode ser "Sobre o que me consome"

terça-feira, 21 de setembro de 2010

E daí que não posso ter nenhum projeto pessoal porque passo a maior parte do meu tempo no trabalho e viajando? Teoricamente, estou sendo paga pra isso: pra sub-existir (embora não paguem nem minhas viagens). Pena não ser dinheiro suficiente pra eu torrar tudo nas maiores futilidades e fingir que essa coisa toda vale a pena.

Sobre o que vale a pena aqui no trabalho nos últimos dias, posso citar apenas o contato com o pessoal do financeiro: dois moços que nunca vi pessoalmente. Um deles, super extrovertido, já me chama de amiga com um sotaque nordestino (sempre achei fofo esse sotaque). O outro, mais sério e contido. E como mando e-mails e ligo pra eles no mínimo 2 vezes por dia, pensava “gente, esse cara deve me detestar, deve ter vontade de bater com a cabeça no teclado repetidas vezes quando olha o nº do meu ramal no telefone”. Aí, me surpreendi. Liguei pra ele e recebi um elogio! Ele disse que está com muitas demandas de vários lugares, mas está tentando atender a minha com mais empenho porque é bom e raro trabalhar com pessoas assim como eu: gentis, educadas e capazes (pois é, pasmem: eu sei ser super gente boa!).

Sempre fico feliz quando isso acontece, quando sou reconhecida pelos colegas de trabalho - já que a empresa não vai mesmo me dar o devido valor (quanta modéstia!). Muita pena mesmo que meu salário não aumente e eu nem ganhe promoção com os elogios. Continuo na obscuridade tentando voltar a embarcar pra pelo menos ter minhas folgas (as folgas são para mim um oásis no deserto ou o pote de ouro no fim do arco-íris). Mas corro o sério risco de ficar presa aqui consertando mais besteiras de gente incompetente (injusto, mil vezes injusto! Deveriam chamar os boçais pra corrigirem seus próprios erros!). Ou talvez eu deva ser menos competente (sério, estou até tentando... Mas por causa da minha “gentileza, educação e capacidade” o pessoal do financeiro tem colaborado comigo e as coisas estão caminhando com relativa rapidez).

Moral da história: ser bom é ruim.

Dos meus limites

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Cansada de toda essa futilidade. De todo mundo falando mal de tudo mundo. Dessa disputa ridícula por um poder medíocre. Dessas falsas alianças em que um atual “aliado” derruba o outro na primeira oportunidade. Gente incapaz em cargos estratégicos pra servir de marionete. E vale o “cada um por si”. Tudo isso me enoja até o último nível. Por favor, não me venha com essa de “fica do meu lado que você cresce junto”. (Argh! É repugnante!). Não quero esse tipo de “crescimento”. Me chamem de pessoa sem ambição. Dane-se. Não vou vender minha alma ao diabo. Ainda mais por um valor tão baixo. Nunca desejei cargo disso ou daquilo. Quero justiça. Quero paz de espírito. Quero estar longe desse lamaçal.

Ponho meus fones de ouvido. Não quero ouvir nada. Não quero saber de nada. Fico aqui no meu mundinho paralelo numa boa. E tem mais: se eu não quiser ouvir nem meus pensamentos, aumento o volume da música na maior. Que todos saibam o quanto me lixo pra toda essa babaquice.

O que eu preciso mesmo é falar com o psiquiatra da empresa e explicar - tão calmamente quanto possível - que esse lodaçal todo é que me enlouquece. Não tenho cabeça, nem estômago, nem fígado, nem nada da minha anatomia resistente o bastante pra aturar isso. Lancem-me ao mar (literalmente).

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Hoje eu tinha que responder a uma pergunta: "O que você realmente quer?"
Eu saberia responder há um mês e meio atrás. Quantas coisas mudam em um mês e meio, mesmo quando tudo parece tão parado!... A superfície pode parecer relativamente calma, mas quem sabe o que está lá no fundo de cada um? E, por isso, minha resposta mais honesta é: "Não sei mais".

“Mudanças produzem ansiedade. Tentar sair do emprego em que me pagam mal ou estou infeliz; enfrentar pai ou mãe opressivos; romper um relacionamento amoroso que me diminui  ou  esmaga; evitar um convívio em que um se anula para que  o  outro  tripudie,  num processo  de  servidão  que  gera  ressentimento  e  culpa.   Sair do estabelecido e habitual, mesmo ruim, é sempre perturbador. O desejo de ser mais livre é forte, o medo de sair da situação conhecida, por pior que ela seja, pode ser maior ainda. Para nos reorganizarmos precisamos nos desmontar, refazer esse enigma nosso e descobrir qual é, afinal, o projeto de cada um de nós.” - Lya Luft - Perdas e Ganhos

Das bobagens que eu escrevo

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Começou aos poucos, despretensiosamente.

- Querido, você precisa de um corte de cabelo mais moderno...

- Mas eu gosto como está.

- Não é nada radical: a gente corta um pouquinho aqui e ali... Vai ficar ótimo.

E foram ao salão e ele cortou o cabelo como ela sugeriu. Ela lhe deu um grande abraço e um beijo e comentou como tinha ficado lindo assim.

Na outra semana...

- Minhas amigas adoraram seu cabelo novo. Todo mundo achou que você rejuvenesceu uns 10 anos.

Ele sorri.

- Agora falta você trocar essas roupas, né, querido?

- Que tem de errado com elas?

- Ultrapassadas. Gastas. Tá na hora de renovar o guarda-roupa.

- Ana, você tá exagerando. Gosto das minhas roupas, são confortáveis.

- O problema é que só você gosta delas. Você e quem vivia no começo do século passado. Poxa, André. Que tem demais você deixar eu dar um trato no seu visual? Faço isso porque gosto de você e quero te ver bem.

- Mas eu tô bem.

- Pode ficar melhor.

E lá estavam no shopping, renovando todo guarda-roupa do André.

No domingo, Ana ficava de cara feia porque André ia se encontrar com os amigos para um chopinho. Até que num domingo...

- André, nada de chopinho hoje. Vamos ao aniversário da Rebeca.

- Que Rebeca?

- Minha amiga, ué. Lá do escritório.

- Ah, aquela que começou lá na semana passada? Já são amigas?

- Claro. Ela é super legal, uma moça antenada. A gente sempre almoça junto.

- Sempre significa há uma semana, né?

- Ah, André, não implica.

- Fico uma hora com meus amigos e depois a gente vai.

- Ah, não! Vai acabar ficando mais tempo, te conheço. Não quero chegar tarde.

Foi aí que ele parou de tomar chopp com os amigos aos domingos. Porque sempre havia um outro compromisso inadiável com a Ana. E ai dele se protestasse. “Todos os namorados de todas as minhas amigas vão”, seguido de um muxoxo. Aí, ele ia também.

Em um ano, havia trocado de cabelo, roupas, carro, apartamento e amigos. Seus amigos agora eram os namorados das amigas de Ana. Uma certa manhã, ao acordar, olhou-se no espelho. Quem era aquele? Não se reconhecia. Ficou assim, por vários minutos, desorientado. Ana levantou e disse “Bom dia!”, mas ele não respondeu. Diante do silêncio, Ana apareceu na porta do banheiro.

- O que houve, André? Você está bem?

- Não sei.

- Como assim, não sabe?

- Simples, não sabendo. Não sei mais o que sinto, não sei nem mais quem eu sou.

- Ora, você é o André, meu namorado...

- E tudo se resume nisso, né, Ana? Não sou nada além de “o namorado da Ana”.

Ana não entendeu. Entendeu menos ainda quando ele começou a arrumar lentamente suas coisas dentro da mala. Estava triste, muito triste. Mas também aliviado porque podia agir por conta própria.

- Onde você vai? – perguntou Ana, chorando copiosamente.

- Não sei.

Ele realmente não sabia. Mas sabia que, onde quer que fosse, iria, finalmente, encontrar-se.

“Tudo se complica porque trazemos nosso equipamento psíquico. Nascemos do jeito que somos: algo em nós é imutável, nossa essência são paredes difíceis de escalar, fortes demais para admitir aberturas. Essa batalha será a de toda a nossa existência.” - Lya Luft (Perdas e Ganhos)

"O que você me pede eu não posso fazer
Assim você me perde e eu perco você
Como um barco perde o rumo
Como uma árvore, no outono, perde a cor
O que você não pode eu não vou te pedir
O que você não quer, eu não quero insistir..." - Engenheiros do Hawai (Piano Bar)

 

Um pouco de tudo

terça-feira, 14 de setembro de 2010

LUTO

Sabe o sentimento de impotência? Quando você vê algo precioso morrer, ali nos seus braços e não pode fazer nada? E você tenta gritar, mas a voz não sai. Fica só aquele nó na garganta. Aí você olha pros lados e vê que ninguém dá a mínima. Não importa nem mesmo para aqueles que deveriam se importar. E você já chorou tanto que sente que as lágrimas formaram um caminho fundo no seu rosto. Mas agora elas secaram e ninguém parece notar. Você olha mais de perto e vê que as marcas ficaram só por dentro. Não são mais visíveis, mas existem. E não devem ser vãs. Elas devem apontar um novo caminho a trilhar. Mas só vai ser possível caminhar de novo depois de deixar para trás o peso morto daquela coisa tão especial e preciosa que se foi. É o que espero fazer, no tempo certo. No momento, estou de luto.

CONVERSAS INUSITADAS

Ontem fui almoçar sozinha. E eu odeio almoçar sozinha (quase nem fui). Pra completar, nem estava com tanta fome (o que é realmente impressionante). Pedi licença e sentei numa mesa com mais 3 pessoas. Um casal que conversava animadamente (na verdade, ela falava com a maior animação e ele respondia com monossílabos enquanto comia). E um outro moço, que comia calado como eu. Quando o casal saiu da mesa, ele puxou papo. Eu não tava muito a fim de falar com ninguém, estava muito, muito triste. Mas me peguei ouvindo a história dele, os últimos acontecimentos da sua vida resumidos em alguns minutos. E acabei partilhando um pouco do que tem me acontecido também. Deveria ter sido esquisito. Talvez tenha sido. Nos despedimos na fila de pagamento. Possivelmente nunca mais nos veremos. Porém, saí de lá ligeiramente mais leve (mesmo tendo comido metade da sobremesa que eu nem deveria ter pego, mas peguei porque estava down). Descobri em outra pessoa, um completo desconhecido, a capacidade de enfrentar os problemas e amadurecer. Se ele pode, eu posso também. Por um breve momento, até senti que tudo vai ficar bem...

DA REVOLTA QUE NO FUNDO É TRISTEZA

Meu pai será liberado do hospital hoje. Não porque ele está bem, mas porque os médicos já não sabem o que fazer. Nos disseram pra torcer pro pé dele cicatrizar, pois se isso não acontecer terão que amputar. E eu chorei (mais do que já tinha chorado mesmo antes de saber da notícia).
Há alguns dias escrevi um post de revolta, irritada porque meu pai buscou a situação em que está agora, neglicenciando a saúde por anos. Mas no domingo, passei a tarde toda lá. E eu não me senti revoltada. Só uma tristeza profunda vendo ele ali, deitado na cama, imaginando que talvez ele não consiga mais andar.
Não sabemos bem o que fazer agora, já que ele não mora conosco. Todos trabalham e ainda não conseguimos chegar a uma conclusão sobre quem ficará com ele e como as coisas serão daqui por diante. Eu ainda não estou conseguindo pensar com clareza sobre isso tudo.


Porque devo começar minha semana bem

domingo, 12 de setembro de 2010

- Porque sou uma pessoa consciente, capaz de assumir seus próprios erros. E porque sei que sou capaz de mudar pra melhor.

"Por que cometer erros antigos se há tantos erros novos a escolher?" - Bertrand Russell


- Porque decidi não ser mais vítima de chantagens emocionais.

"Pedir demasiado é a maneira mais segura de receber ainda menos do que é possível." - Bertrand Russell


- Porque não vou ficar esperando voltar a embarcar e ter folgas pra fazer o que eu quero. Vou tentar me virar com o pouco de tempo que tenho disponível. Não vai ser fácil. Mas eu preciso tentar, pelo meu próprio bem.

"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso." - Fernando Pessoa

PS: Juro que tô tentando ser positiva, mas, por enquanto, estou muito, muito triste...

Porque estou cansada dessa vidinha medíocre (Post de revolta)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

- Porque meu atual conceito de intimidade é dormir dentro do ônibus na vinda pra Macaé e acordar assustada com a cabeça a milímetros do ombro do cara que vem ao meu lado (e, diga-se de passagem, nem sei o nome!).

- Porque estou cansada de ouvir/ler sempre a mesma coisa. E responder sempre a mesma coisa e parecer que eu estou falando chinês.

- Porque tô cheia de “levar a fama sem ter deitado na cama”. Devia ter aproveitado as oportunidades e fazer tudo que acham que fiz e mais um pouco (ou muito mais).

- Porque se faço 99% e não completo 100%, eu não presto.

- Porque me dizem, “faça isso porque você não está feliz aí”, como se a pessoa realmente se importasse com minha felicidade.

- Porque tenho 32 anos, 1 filho de quase 2 e minha família acha e me trata como se eu tivesse 16. Odeio dar satisfação, sempre odiei. Aliás, se não fosse meu filho, eu ia embora – um lugar só meu, mesmo que fosse um "muquifo"! De qualquer forma, eu ainda vou fazer isso – não agora, mas espero que num futuro próximo (ou pelo menos de médio prazo).

- Porque enchi o saco da minha família achar que sou doida quando ali tem gente precisando de tratamento psiquiátrico muito mais que eu, embora não queiram admitir.

- Porque ando sem vontade nenhuma de ficar com meu pai no hospital nas minhas raras horas livres (querem dizer que sou péssima filha? Digam. Não ligo. Tenho consciência de que fiz e faço por ele muito mais do que ele já fez ou fará por mim um dia. E minhas irmãs também. Não acho justo ter que pagar pelas escolhas erradas que ele fez, já pago pelas minhas – e sozinha! Então, levantem as mãos pro céu quem teve um bom pai – não foi meu caso).

- Porque meu “chefe” temporário encheu meu saco hoje a manhã toda! Eu não to nem aí pra esse trabalho ridículo que me obrigam a fazer.
   E porque a única manifestação possível do meu desagrado foi ficar lá na entrada da empresa semana passada com cerca de umas parcas 20 pessoas do sindicato que reivindicavam mudanças - enquanto a maioria dos babacas (gente que só sabe reclamar do salário, mas não tem peito nem de emitir som se souber que o gerente está num raio de 100 Km) entrava sem dar a menor atenção. A propósito, o sindicato devia organizar melhor essas manifestações: se eu soubesse antecipadamente, teria levado um cartaz escrito “Não, não, não ao desvio de função!!!”
   Definitivamente, nasci no país ou na época errada. Ou as duas coisas. Vergonha de fazer parte de um povo que assiste a todo tipo de roubalheira e corrupção e prefere ficar conversando sobre o que aconteceu no capítulo anterior da novela das 8.

- E pra finalizar, porque até meu motivo de alegria é medíocre e efêmero: consiste no fato de hoje ser sexta-feira e eu ter decidido que vou embora exatamente daqui a 10 minutos.

Fim do expediente!

Das defesas internas

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

De ontem pra hoje percebi uma coisa: estou me sabotando. Por que alguém faria isso consigo mesmo? Medo. É a 1ª resposta que me vem à mente.

Talvez um dia alguém consiga ver melhor e perceba que eu não sou bem assim descolada, despreocupada e desapegada como quero mostrar e como tento ser. Por mais que tudo tenha mudado, inclusive eu mesma, continuo querendo o que todo mundo (ou quase todo mundo) quer. Mas agora tem um muro que eu mesma levantei. E atualmente esse muro está tão alto que não sei se alguém vai conseguir chegar do lado de cá.

"As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes". (desconheço a autoria)
 

Novo template / Véspera de Feriado

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Gente, olha que lindo que ficou meu blog! Eu adorei! Obrigada Márcia.
Só é pena que tenha perdido os comentários (se bem que aquele sistema de comentários não estava mesmo prestando).

E para essa véspera de feriado em que estou aqui "trabalhando" (e me sentindo uma idiota nesse escritório quase vazio) unicamente porque não tenho folgas pra tirar, fica a frase de Shakespeare:

"É estranho que, sem ser forçado, saia alguém em busca de trabalho."

Era uma vez...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

... uma menina que caminhava pela estrada, nos arredores da casa de sua avó. Certo dia, pouco antes do sol se pôr, a menina viu uma linda flor branca que brotava à margem daquela estrada pouco movimentada... Sentou-se perto da flor, sem se dar conta de que a cena mais parecia uma pintura. Um menino passou pela estrada e não conseguiu seguir em frente quando viu aquela cena. Ficou observando, por minutos, a menina e a flor, com aquele céu multicolorido como só acontece perto do pôr-do-sol. A menina sentiu e, deixando de olhar a flor, olhou para o menino. Ele sorria inconscientemente. Ela, conscientemente, sorriu de volta. E em breves segundos, tudo teve uma luz diferente, como jamais seria possível explicar. Então o sol se foi. E a menina também se foi, correndo de volta à casa da avó. Mas algo havia mudado. E mesmo depois de parar de correr, deitada em sua cama, seu coração ainda batia acelerado.

No dia seguinte, na mesma hora, a menina estava novamente sentada perto da flor à beira da estrada. E sentiu o coração acelerar de novo quando viu o vulto do menino na estrada, se aproximando. Ela notou que ele carregava alguma coisa. Quando ele se aproximou o suficiente, ela viu: era um violão. Então ele atravessou a estrada e sentou-se ao lado da menina e tocou uma música linda. Ela só ouvia, olhos marejados. E pensava: deve ser um anjo.

Todos os dias, a menina voltava lá. Passou a levar sementes que plantava ao redor da flor branca enquanto esperava o menino chegar. E ele chegava e ambos sorriam. E o menino tocava uma nova melodia, com a qual ela iria sonhar durante a noite.

Lindas plantinhas e lindas flores começaram a brotar ali, à beira da estrada. O menino também passou a trazer, além do violão, pequenas sementes para contribuir com o lindo e inusitado jardim. E tudo ia bem, o menino e a menina felizes, cercados de flores, de músicas e de sementes que ainda estavam por germinar.

Mas aí, um dia, o menino não apareceu. “Que terá acontecido?”. Ela esperou até que o sol se pôs, vigiando atentamente a estrada. Voltou pra casa olhando para trás. Nem sinal do vulto do menino. Naquela noite, ela não conseguiu dormir, nenhuma recordação de música para embalar seus sonhos.

A menina voltou no dia seguinte. E por vários outros dias. Sentava-se nos meio das flores, olhava o horizonte e esperava. Mas ele nunca vinha. A tristeza se tornou a principal companhia da menina. Ela não sorria mais. Não via mais beleza nas flores nem nas cores que pintavam o céu antes do pôr do sol.

Um dia, com lágrimas nos olhos, ela arrancou todas as flores do jardim. Colocou-as num jarro. E pôs o jarro na cômoda do seu quarto, perto da janela. Ainda sentia o perfume das flores e lembrava do menino. Era como se ele estivesse ali. Mas não estava. Os dias passaram e as flores começaram a murchar. As folhas caíram, as pétalas também. A menina levou as flores mortas até a beira da estrada e deixou que elas caíssem sobre o jardim destruído. E por muito tempo, o coração da menina permaneceu triste, uma tristeza profunda que parecia não passar.

A menina voltou para casa – a casa de seus pais. Meses se passaram e a menina prosseguiu na sua rotina. Até que, certo dia, retornou à casa da avó, que a recebeu com muito carinho. E a menina, como era de costume, foi caminhar à beira da estrada no fim do dia. Foi quando ela se surpreendeu. De repente, estava cara a cara com o jardim morto alguns meses atrás. E lá, havia pequenas flores começando a nascer. Pela primeira vez em meses, a menina sorriu de novo. E percebeu que também começava a nascer uma nova primavera no seu coração.
 

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