Era uma vez...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

... uma menina que caminhava pela estrada, nos arredores da casa de sua avó. Certo dia, pouco antes do sol se pôr, a menina viu uma linda flor branca que brotava à margem daquela estrada pouco movimentada... Sentou-se perto da flor, sem se dar conta de que a cena mais parecia uma pintura. Um menino passou pela estrada e não conseguiu seguir em frente quando viu aquela cena. Ficou observando, por minutos, a menina e a flor, com aquele céu multicolorido como só acontece perto do pôr-do-sol. A menina sentiu e, deixando de olhar a flor, olhou para o menino. Ele sorria inconscientemente. Ela, conscientemente, sorriu de volta. E em breves segundos, tudo teve uma luz diferente, como jamais seria possível explicar. Então o sol se foi. E a menina também se foi, correndo de volta à casa da avó. Mas algo havia mudado. E mesmo depois de parar de correr, deitada em sua cama, seu coração ainda batia acelerado.

No dia seguinte, na mesma hora, a menina estava novamente sentada perto da flor à beira da estrada. E sentiu o coração acelerar de novo quando viu o vulto do menino na estrada, se aproximando. Ela notou que ele carregava alguma coisa. Quando ele se aproximou o suficiente, ela viu: era um violão. Então ele atravessou a estrada e sentou-se ao lado da menina e tocou uma música linda. Ela só ouvia, olhos marejados. E pensava: deve ser um anjo.

Todos os dias, a menina voltava lá. Passou a levar sementes que plantava ao redor da flor branca enquanto esperava o menino chegar. E ele chegava e ambos sorriam. E o menino tocava uma nova melodia, com a qual ela iria sonhar durante a noite.

Lindas plantinhas e lindas flores começaram a brotar ali, à beira da estrada. O menino também passou a trazer, além do violão, pequenas sementes para contribuir com o lindo e inusitado jardim. E tudo ia bem, o menino e a menina felizes, cercados de flores, de músicas e de sementes que ainda estavam por germinar.

Mas aí, um dia, o menino não apareceu. “Que terá acontecido?”. Ela esperou até que o sol se pôs, vigiando atentamente a estrada. Voltou pra casa olhando para trás. Nem sinal do vulto do menino. Naquela noite, ela não conseguiu dormir, nenhuma recordação de música para embalar seus sonhos.

A menina voltou no dia seguinte. E por vários outros dias. Sentava-se nos meio das flores, olhava o horizonte e esperava. Mas ele nunca vinha. A tristeza se tornou a principal companhia da menina. Ela não sorria mais. Não via mais beleza nas flores nem nas cores que pintavam o céu antes do pôr do sol.

Um dia, com lágrimas nos olhos, ela arrancou todas as flores do jardim. Colocou-as num jarro. E pôs o jarro na cômoda do seu quarto, perto da janela. Ainda sentia o perfume das flores e lembrava do menino. Era como se ele estivesse ali. Mas não estava. Os dias passaram e as flores começaram a murchar. As folhas caíram, as pétalas também. A menina levou as flores mortas até a beira da estrada e deixou que elas caíssem sobre o jardim destruído. E por muito tempo, o coração da menina permaneceu triste, uma tristeza profunda que parecia não passar.

A menina voltou para casa – a casa de seus pais. Meses se passaram e a menina prosseguiu na sua rotina. Até que, certo dia, retornou à casa da avó, que a recebeu com muito carinho. E a menina, como era de costume, foi caminhar à beira da estrada no fim do dia. Foi quando ela se surpreendeu. De repente, estava cara a cara com o jardim morto alguns meses atrás. E lá, havia pequenas flores começando a nascer. Pela primeira vez em meses, a menina sorriu de novo. E percebeu que também começava a nascer uma nova primavera no seu coração.

2 comentários:

Non je ne regrette rien: Ediney Santana on 7 de setembro de 2010 às 16:34 disse...

recriar e contar é um carinho da vida com o amor que nos toma a palavra

Daniel Savio on 15 de setembro de 2010 às 20:53 disse...

Hua, kkk, ha, ha, como assim perdeu o comentários?!

Mas a vida é um eterno recomeço, querendo, ou não.

Fiquem com Deus, amiga e sobrinho.
Um abraço.

 

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