Vida de gado e os "dalits" nossos de cada dia

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Estou com tanto sono...! Tanto que meus olhos não me obedecem (depois do almoço, então, é que a coisa fica pior). E eu não consigo me concentrar como deveria. Aliás, faz tempo que não me concentro como deveria e estou tendo que ser mais organizada que de costume porque minha memória falha feio muito frequentemente. Isso me dá grande desgosto: eu tinha boa memória e aprendizado bem mais rápido antes desse monte de remédios que tenho que tomar (são muitas as vezes que penso em parar tudo, jogar tudo pro alto... E confesso que só não faço isso por causa de Biel). Acontece que realmente tenho dormido pouco, o que é mais uma causa para a falta de concentração e memória podre. Mesmo tomando remédio, não consigo dormir antes de 01:30. Aí, acordo 5:00 pra trabalhar. Durmo toda torta dentro do ônibus (e já começam a aparecer os sinais de problemas de coluna e musculares), mas não é um sono que descansa porque acordo toda hora. Entretanto, ontem foi uma exceção: o nível de cansaço era tanto que, ao retornar pra casa, perdi o ponto. Fui parar bem distante e tive que voltar tudo a pé, o que me rendeu algumas bolhas e muita dor no calcanhar (e hoje meus pés estão tão inchados quanto quando eu estava grávida de Gabriel).

Quando chego em casa, não tenho vontade de fazer absolutamente NADA. E nos fins de semana estou cansada demais para fazer tudo que tenho que fazer e ainda sair e brincar com meu filho (que, tadinho, nem tem culpa dessa minha vida de cão). A verdade é que não agüento mais ficar muito tempo nessa situação de viajar todo dia. Preciso de uma promoção – e rápido! – pra ter condições de vir pra Macaé com meu filho. Ou morar em Rio das Ostras (não consigo gostar de Macaé!). Preciso começar a mexer aqui e acolá porque se a esperada promoção não vier, vou ter que bater o pé pra voltar a embarcar.

Agora, olhem que estranho: ando tão desiludida que nem tenho vontade de embarcar (incrível isso, né?), nem de trabalhar no escritório, nem de nada aqui. Como alguns já palpitaram, talvez seja hora de mudar de empresa, de ramo ou sei lá. Seria bom se eu soubesse por onde começar. Não é impossível, mas também não é fácil quando já se é balzaquiana e com um filho de 2 anos pra criar (sem falar que, como sou concursada, tenho uma certa “estabilidade” aqui). De qualquer forma, vou tentar fazer um balanço de fim de ano. Não sei se vou fazer listinha de metas pra 2011. Provavelmente não porque essas coisas nunca funcionam comigo.


Definitivamente, não vou à festinha de “confraternização” do setor. Nem irei à da empresa contratada porque baixaram uma espécie de decreto proibindo o pessoal de contratos de participar dos almoços das contratadas. Achei profundamente estranho (pra não dizer escroto, dentro outras palavras de baixo calão que me ocorrem agora). Por que isso? Ora, os “chefes” (supervisores, coordenadores e gerentes) foram. Agora me diz: uns “Zé ninguém” que nem a gente seriam alvo de tentativa de suborno ou seja lá o que for que eles imaginam? Pra que se não temos poder de decisão? Agora, continuem pensando comigo: os “chefes” tem poder de decisão! Consequentemente, muito maior a chance de que eles recebam essas tais tentativas de suborno. Mesmo assim, eles podem participar. Só a ralé tem que se fo... desculpem... Ferrar é mais politicamente correto. Mais um ponto que gostaria de mencionar: e essa coisa de exemplo ter que vir de cima? Enfim, se alguém aí pensa que isso aqui é uma piada, eu confirmo... É mesmo. E de mau gosto, por sinal. As desigualdades não param aí. Outro “decreto” que foi baixado aqui, só pra confirmar nossa posição de “dalits” nesse sistema de castas que rege a empresa: agora só gerentes, coordenadores, supervisores e afins podem estacionar seus caros carros aqui dentro. O resto tem que deixar seus humildes meios de locomoção num estacionamento que fica a léguas de distância (e que eu, carinhosamente, chamo de poeirão... Acho que dá pra imaginar o motivo, né?). Que nojo disso tudo! Nada diferente do resto do país, diga-se. Apesar de ser comum, não consigo entender, aceitar... sei lá! Todo tipo de injustiça me enoja. Então, eu reclamo e falo mesmo (pra quem quiser ouvir, inclusive os chefes). Nada vai mudar, mas pelo menos diminuem minhas chances de ter câncer, problemas de coração ou morte por sufocamento (de tanto sapo que temos que engolir).

Já escrevi demais. Vou voltar ao trabalho e fazer jus ao magnífico salário que eu ganho . Pensando bem, só o que fiz na parte da manhã já paga essa fortuna... Mas eu sou brasileira – e, portanto, idiota - e vou continuar trabalhando. Devia seguir o exemplo de um monte de gente aqui e ficar enrolando, mas ainda não consigo. Um dia eu atinjo esse nível superior e fico aqui com a cara pra cima na maior. Preciso treinar...

Eis um “consolo” (se é podemos chamar assim): a semana termina mais cedo, pois seremos dispensados sexta. Alguém aí pensou que a empresa é boazinha? "Pô, Tathiana... Você reclama a toa e blábláblá...". Hahahahaha. Foi mal, gente, não pude controlar o riso. Deixa explicar: todos os funcionários entram 2011 com 16 horas negativas (a dispensa do dia 24 e 31 de dezembro), ou seja, devendo à empresa. Tem mais: se o sujeito quiser vir trabalhar pra não ficar negativo, não pode. A empresa não deixa!!!!! Alguém me explica isso, por favor?

Sobre o título do post, explico:

“Ê, ôô, vida de gado...” (do Zé Ramalho) é o fundo musical. Apropriado, não?

Sobre os “dalit” da Índia e de todos os lugares do mundo (porque nós também vivemos num sistema de castas, embora seja inteligentemente mascarado).

Sei lá, tô com preguiça de pensar em título de post

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Alguém aí é da minha época? Porque estou me sentindo velha... Lembrei daqueles bonequinhos do “Amar é...”. Já tive até álbum! Verdadeira dinossaura. Mas foi nessa onda que me inspirei pro post de hoje. Então, vamos lá:



Ser mãe é...

Acordar às 5:00, trabalhar o dia todo, chegar em casa às 19:30, me arrumar e arrumar meu filho pra levá-lo a uma festa de aniversário no meio da semana (quarta-feira). E, claro, brincar com Gabriel em todos os brinquedos (especialmente os destinados às crianças maiores, embora ele só tenha 2 anos)...

Mas não acaba aí. Ser mãe é reunir todas as nossas parcas forças e repetir a dose no dia seguinte (quinta-feira), mesmo sabendo que na sexta eu ia acordar de novo às 5:00 e trabalhar o dia todo que nem um zumbi aleijado.

E a pergunta que não quer calar: sou a única mãe que trabalha? Porque convenhamos: fazer festas no meio da semana, ninguém merece!


Estar ferrado é...

Receber uma suposta “promoção” que contempla apenas o aumento de trabalho e responsabilidades. Porque quando chega na questão do dinheiro... Bom, que dinheiro mesmo? Pois é. Nem um aumentozinho. NADA. Então, amigos, nada de comemoração. Vou comemorar quando tiver alguma mudança (pra melhor, diga-se de passagem) no meu atualmente vergonhoso contra-cheque.


Trabalhar numa das maiores empresas do Brasil é...

Receber e-mail pra uma tal confraternização de fim de ano (o-d-e-i-o) num dia e, no outro dia, receber e-mail desmarcando tudo porque a verba foi cortada. E mais: poucos dias depois, receber novo e-mail do gerente convidando para uma confraternização onde cada funcionário deve contribuir com 35,00 sem contar as bebidas (que são despesa à parte). Sei lá, dá vergonha, sabe? Quem participar, será liberado na parte da tarde (e nem vai ter que pagar essas horas depois, coisa que aliás, é a 1ª vez que vejo acontecer aqui). Me chamem de doida, mas acho que ficarei trabalhando. E vou participar do almoço da empresa contratada - que eu nem tenho que pagar nada.

De qualquer forma, ainda bem que hoje é sexta-feira!!!
Bom fim de semana, gente.

Filmes e Invisibilidade

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Neste fim de semana, assisti com meu filho "Madagascar 2" (que Biel chama de Macá) pelo menos umas 4 vezes (É, mãe sofre... A minha também sofreu e assistiu umas 3 vezes. Ser mãe é padecer no paraíso blábláblá). Ele repete o que os personagens dizem em alguns momentos (eu mesma já decorei muitas falas! rs) e o nome da girafa de pelúcia que ele tem agora é Melman (como no filme). Acho engraçado como ele sempre tenta avisar ao leão filhote do perigo: "Faz isso não, neném". Mas o filme não muda (óbvio): o filhote sai e é pego pelos caçadores. Então ele fala "Tadinho do neném leão". O pai corre tentando salvar o filho e ele fala "Tadinho do papai leão"... rs. Enfim, eu até gosto de ver desenhos com ele - embora a overdose não seja agradável.


Mas aí, neste domingo, eu, depois de nem sei quanto tempo, fui ao cinema com minha irmã. Assistimos Tropa de Elite 2. Tá, devo ser a única que ainda não tinha visto... Mas se houver alguém com vida social igual a zero como eu por aqui, deixo minha opinião: o filme é muito bom. Vale a pena. Minha irmã, de espírito pacífico, saiu meio desesperançada, achando que não tem mesmo jeito de acertar as coisas, está tudo corrompido. Eu, de espírito rebelde, tive vontade de ter uma arma e acabar com um bando de gente - em especial, políticos, que é a classe mais impune deste país. Até lamentei, no fundo, não ter nascido homem pra me juntar ao BOPE. Também nasci na época errada. Cadê a rebeldia que vem da desesperada necessidade de justiça? Cadê o povo saindo às ruas expondo sua indignação? NADA. Isso, sim, me deixa desesperançada...


No mais, sem novidades. Trabalhando muito em atividades extremamente burocráticas e chatas...
E, pra completar, hoje estou me sentindo a mulher invisível (ok, nem é a 1ª vez que me sinto assim. Na verdade, sinto isso até com certa frequência. De qualquer forma, não é uma sensação boa, a não ser quando a gente quer mesmo estar invisível).

“O anonimato é um perigo para nós. É sempre bom que estejamos com pessoas que saibam quem somos nós e que decisões nós tomamos na vida. É sempre bom estarmos em um lugar que nos proteja.” – Padre Fábio de Melo

Tentar... Até quando?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Domingo tive um raro momento na casa do meu pai: sentar em frente à TV sem estar passando um dos DVDs de Gabriel (Galinha Pintadinha 2, TV Colosso, Madagascar 1 e 2, Toquinho no mundo das crianças, dentre outros). E, pasmem, a TV também não estava sintonizada no Discovery Kids. Enfim, praticamente um milagre.

Daí que, depois de tanto tempo que nem consigo lembrar, consegui assistir um filme quase inteiro! Era com Julia Roberts e Brad Pit e se chamava “A Mexicana”. Pois bem, a dupla protagonista do filme era um daqueles casais que vivem se desentendendo e brigando. Tem uma cena em que um personagem (esqueci o nome do ator coadjuvante) pergunta à Júlia Roberts qual é o momento em que um casal que se ama, mas que não consegue ficar junto, deve parar de tentar. Ela diz alguns blablablas e, quando termina, o outro personagem diz que a resposta está errada e que a resposta certa é NUNCA.

Por que estou falando nisso? Porque fiquei pensando se realmente faz sentido. Eu tenho essa tendência de ficar tentando e tentando e tentando (se há indícios que a pessoa também gosta de mim, claro. Caso contrário, tiro meu time de campo). Acho que é porque detesto me arrepender de algo que não fiz, prefiro me arrepender das coisas que fiz – e não estou dizendo que isso é certo ou errado, cada um tem liberdade pra agir como achar melhor. Evidentemente, essa minha forma de agir às vezes pode ter resultados positivos e às vezes pode ter resultados desastrosos (sim, me arrependo de algumas das coisas que fiz). Mas existe uma coisa na vida real que não foi considerada no filme: as pessoas têm limites. Cada um tem o seu. Vejo que às vezes as pessoas tentam e tentam, até que acabam ultrapassando os próprios limites e os limites do outro – o que pode ser o motivo de tantos casais se separarem cheios de ressentimentos, sentindo raiva um pelo outro. Eu acho muito triste chegar ao ponto de detestar uma pessoa que um dia foi especial. E acontece com freqüência, principalmente quando insistimos além do limite. No fim, acabam prevalecendo as lembranças ruins e até esquecemos porque um dia gostamos daquela pessoa. Talvez isso nem seja importante. Talvez o fato de só ver as coisas ruins seja útil para superarmos mais rápido o rompimento. Mas tem um caso em que isso é importante: quando há filhos envolvidos. Ora, os filhos não tem nada a ver com os problemas dos pais. Marido e mulher é uma coisa, mãe e filhos/ pai e filhos é outra coisa. Infelizmente, nem todo mundo consegue separar, colocar cada coisa em seu lugar. Acontece muito com os homens – mas não é exclusividade deles. Homens nessa situação tendem a afastar-se dos filhos, enquanto mulheres às vezes os usam para fazer chantagem emocional. É lamentável.

Bom, comecei a falar de uma coisa e fui para em outra. Culpa minha: acho que penso demais. E muitos defeitos meus se devem a este fato: pensar demais. Inclusive o fato de geralmente ser prolixa.
Então, retomemos ao ponto central. Gostaria de saber de vocês: em sua opinião, quando é hora de parar de tentar?


Lia Luft , no livro Perdas e Ganhos:

“A perda do amor pelo fim do amor, por abandono ou traição, supera toda a nossa filosofia de vida, nossos valores, independe de nós. Nada conforta, nada consola. Como o outro está ainda ali, vivo, talvez com outra pessoa, nossa mágoa e sentimento de rejeição se misturam à inconformidade e às tentativas, eventualmente danosas, de recuperarmos quem não nos quer mais.”
 

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