Tentar... Até quando?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Domingo tive um raro momento na casa do meu pai: sentar em frente à TV sem estar passando um dos DVDs de Gabriel (Galinha Pintadinha 2, TV Colosso, Madagascar 1 e 2, Toquinho no mundo das crianças, dentre outros). E, pasmem, a TV também não estava sintonizada no Discovery Kids. Enfim, praticamente um milagre.

Daí que, depois de tanto tempo que nem consigo lembrar, consegui assistir um filme quase inteiro! Era com Julia Roberts e Brad Pit e se chamava “A Mexicana”. Pois bem, a dupla protagonista do filme era um daqueles casais que vivem se desentendendo e brigando. Tem uma cena em que um personagem (esqueci o nome do ator coadjuvante) pergunta à Júlia Roberts qual é o momento em que um casal que se ama, mas que não consegue ficar junto, deve parar de tentar. Ela diz alguns blablablas e, quando termina, o outro personagem diz que a resposta está errada e que a resposta certa é NUNCA.

Por que estou falando nisso? Porque fiquei pensando se realmente faz sentido. Eu tenho essa tendência de ficar tentando e tentando e tentando (se há indícios que a pessoa também gosta de mim, claro. Caso contrário, tiro meu time de campo). Acho que é porque detesto me arrepender de algo que não fiz, prefiro me arrepender das coisas que fiz – e não estou dizendo que isso é certo ou errado, cada um tem liberdade pra agir como achar melhor. Evidentemente, essa minha forma de agir às vezes pode ter resultados positivos e às vezes pode ter resultados desastrosos (sim, me arrependo de algumas das coisas que fiz). Mas existe uma coisa na vida real que não foi considerada no filme: as pessoas têm limites. Cada um tem o seu. Vejo que às vezes as pessoas tentam e tentam, até que acabam ultrapassando os próprios limites e os limites do outro – o que pode ser o motivo de tantos casais se separarem cheios de ressentimentos, sentindo raiva um pelo outro. Eu acho muito triste chegar ao ponto de detestar uma pessoa que um dia foi especial. E acontece com freqüência, principalmente quando insistimos além do limite. No fim, acabam prevalecendo as lembranças ruins e até esquecemos porque um dia gostamos daquela pessoa. Talvez isso nem seja importante. Talvez o fato de só ver as coisas ruins seja útil para superarmos mais rápido o rompimento. Mas tem um caso em que isso é importante: quando há filhos envolvidos. Ora, os filhos não tem nada a ver com os problemas dos pais. Marido e mulher é uma coisa, mãe e filhos/ pai e filhos é outra coisa. Infelizmente, nem todo mundo consegue separar, colocar cada coisa em seu lugar. Acontece muito com os homens – mas não é exclusividade deles. Homens nessa situação tendem a afastar-se dos filhos, enquanto mulheres às vezes os usam para fazer chantagem emocional. É lamentável.

Bom, comecei a falar de uma coisa e fui para em outra. Culpa minha: acho que penso demais. E muitos defeitos meus se devem a este fato: pensar demais. Inclusive o fato de geralmente ser prolixa.
Então, retomemos ao ponto central. Gostaria de saber de vocês: em sua opinião, quando é hora de parar de tentar?


Lia Luft , no livro Perdas e Ganhos:

“A perda do amor pelo fim do amor, por abandono ou traição, supera toda a nossa filosofia de vida, nossos valores, independe de nós. Nada conforta, nada consola. Como o outro está ainda ali, vivo, talvez com outra pessoa, nossa mágoa e sentimento de rejeição se misturam à inconformidade e às tentativas, eventualmente danosas, de recuperarmos quem não nos quer mais.”

10 comentários:

Jens on 1 de dezembro de 2010 às 13:35 disse...

Oi Tathi.
Entendo que quando a chama da paixão que deve pontuar toda relação amorosa começa a se extinguir irremediavelmente, é hora parar. Assim é possível preservar a amizade com o parceiro(a), cultivar lembranças de um tempo bom e, o mais importante, recriar asas e voar em busca de um novo querer. O imperdoável, em situações deste natureza, é acomodação. Temos a obrigação de buscar a alegria e a felicidade. Para isto fomos feitos.

Beijo.

Fatima Valeria on 1 de dezembro de 2010 às 21:21 disse...

No dia do estalo!!!
É incrível, em minha tese esses dia é um divisor de águas. Você acorda e tudo aquilo já não está mais lá...as vezes uma simples palavra, banal. Um gesto... há algo que irá disparar o gatilho do "basta! Não existe mais.."
Nesse dia, um dos melhores de sua vida, o dia do "vou embora" ( mesmo que já tenha ido fisicamente)...se for ainda possível, fica o carinho, a amizade e o respeito...
Beijos

Marcio JR on 2 de dezembro de 2010 às 05:17 disse...

Você é como eu, acha que pensa demais. Mas acho que o post é que fica curto... rsrs.

Bom, Tathiana, eu sou separado e mantenho uma excelente amizade com minha ex, e até penso ser uma exceção nos dias de hoje. lembro que, na época da separação, tentamos reconciliar duas vezes, mas brigávamos ainda mais. temos um filho, e em nome dele, decidimos que cada um deveria seguir seu caminho. Mas, isso tudo foi consensual.

Deve-se tentar, claro, a reconciliação, mas apenas quando os dois estão cientes de que o amor é mútuo. Quando há amor somente de um lado, isso não dá certo, pois esse que ama, só irá sofrer ainda mais.

Excelente crônica. Abraços.

Marcio

simone on 2 de dezembro de 2010 às 08:09 disse...

Oi Tathi,
eu tenho um casamento feliz há 4 anos. Mas acho que a hora certa de parar de tentar, depende da situação: em caso de traição e desrespeito é um caminho sem volta. Mas em outros casos, é possível reavaliar nossas atitudes, e ver se é possível fazermos algo para resolver.

Mauri Boffil on 2 de dezembro de 2010 às 11:43 disse...

a hora de parar de tentar é a hora em que vc consegue, tati

Palavras Vagabundas on 3 de dezembro de 2010 às 10:44 disse...

Tathi, concordo com a Simone, a hora de parar é quando nos sentimos desrespeitados.Tudo nessa vida tem sua hora.
bjs
JUssara

Daniel Savio on 5 de dezembro de 2010 às 15:40 disse...

É complicado amiga, mesmo quando a gente sabe que deve parar, acaba a razão saindo pelo ralo quando a gente sente o coração trepitar (e não estou falando de um ataque do coração)...

Fique com Deus, amiga e sobrinho.
Um abraço.

Fabiana... on 5 de dezembro de 2010 às 20:49 disse...

olha... acho que sou um pouco diferente... não sou muito de tentar, não... nunca tinha parado pra pensar nisso, acredita?
mas fazendo um retrospectiva rápida aqui, não me lembro de nenhuma estória onde eu tenha sido persistente e tentado muito... hum... tenho 16 anos de vida em comum com meu marido... mas pensando bem, acho que a persistência é dele, viu?rs...
beijocas

Luma Rosa on 7 de dezembro de 2010 às 00:15 disse...

Engraçado você citar a Lya Luft, pois tem algumas particularidades da vida amorosa dela que, não sei se você sabe, vou contar: Ela se separou do primeiro marido e passado um tempo casou. O marido morreu e ela voltou a viver com o primeiro marido. Ela se sentia profundamente triste com a morte de dois amores, seguidamente. Ela estava desiludida, achando que passaria o resto da vida sem amar novamente - porque sempre achamos que os nossos amores são definitivos.

"Eu queria solidão, para não ferir os outros nem ser machucada"

Eu digo que a hora de um casamento acabar é quando o casal já não briga mais - Porque a briga, por pior que seja é a não aceitação - Quando não há mais brigas, existe a indiferença, o tanto faz! Quando o casal já não conversa mais ou essa conversa se torna difícil, já começa a passar da hora de tentar.

Um casal precisa da troca palavras e jamais, por mais que uma briguinha pareça tola - dormirem brigados.

"Só a palavra pode fazer o casal suportar mil e uma noites, mil e uma manhãs e uma além e uma mais, pois, de tudo o que já foi dito, sempre há algo que pode salvar o casal, impedir que as feridas internas se transformem em buracos cada vez maiores, que certamente serão preenchidos pelo ressentimento, pior inimigo do amor"

isto é se permitir! Dar uma nova chance ao amor!!

As obrigações do dia a dia, o parar de sonhar e a falta de exercício da paixão, fazem diminuir a vontade de estar juntos, ampliando coisas mínimas que não existiriam se as pessoas não convivessem debaixo do mesmo teto. As vezes o excesso de intimidade destrói o casamento. Ha a necessidade de medir as palavras, porque nem tudo é para ser dito e nem tudo é para ser escutado.

Boa semana! Beijus,

Luma Rosa on 7 de dezembro de 2010 às 00:20 disse...

Esqueci de dizer que a Lya Luft encontrou seu derradeiro amor aos 64 anos e convive com este amor pacificamente até hoje, mas nem sempre foi assim! Muitas vezes jogou as malas do atual marido pela janela e pediu para que ele voltasse para o Rio. Vê, maturidade não quer dizer nada com relação ao amor! Quando amamos não pensamos direito, somos burros! Beijus,

 

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