História de final triste

domingo, 27 de maio de 2007

Gostaria que as coisas boas tivessem valido a pena e superado as ruins. Queria que seu amor tivesse mesmo sido incondicional e não estipulasse tempo para minhas fases de altos e baixos. Acreditei que seria, sabe-se lá porque.
Nunca conseguiu ver as pequenas coisas, as pequenas demonstrações de afeto que eu podia ter mesmo nas minhas fases de baixos: procurando as coisas que você perdia; tentando manter minha calma e manter também você sob controle nas situações em que você saía do sério; deixando você ficar dia inteiro no computador e entrando no quartinho de vez em quando só pra te ver, pra te dar um beijo ou um abraço; te chamando pra ficar do meu lado, pra ver TV comigo, só porque te queria mais pertinho; pedindo que tocasse e cantasse pra mim porque achava que quando era pra mim, era especial; passeando com vc de mãos dadas; expressando meu carinho com abraços e beijos, mesmo em lugares públicos; experimentando coisas que só faria mesmo com você porque só você me fazia sentir a vontade o suficiente (inclusive para "quebrar algumas regras"); te ligando quase todos os dias enquanto estava embarcada (ou quando você estava embarcado) para você saber que eu sentia saudades; fazendo planos que já não imaginava que faria (e que não eram fáceis pra mim fazer por vários motivos que nem dá para mencionar); orgulhando-me das coisas que você fazia, da sua inteligência... Podíamos sentar e falar de qualquer coisa, desde bobagens até teorias de física (e eu nunca nem tinha me interessado por física), você podia me fazer sorrir com pequenos gestos porque eu achava lindo. E podíamos ir ao cinema assistir um filme tosco e morrer de rir e passar o resto da noite falando sobre isso, só lembrando e rindo.
Parece que tudo passou despercebido. O que você viu foi só a pior parte. Minhas crises existenciais frequentes, meus complexos e medos, meus choros e fases anti-sociais. Mesmo quando tentei falar em estarmos mais um na vida do outro, não obtive resposta e hoje entendo que pode ter sido porque você interpretou isso de alguma forma distorcida que nem sei qual foi, apenas por me ver sempre da pior forma. E nem se deu conta de que só demonstrei esse meu lado para você, porque confiava em você. Não saio mostrando meu lado "obscuro" a qualquer um (ninguém sai por aí fazendo isso. Mas foi só mais um erro que cometi no meio de tantos). Apenas não queria usar máscaras com você. E não usei. Desde o começo, fui sincera. Que bobagem... Isso não serviu de nada. Talvez só mesmo o amor incondicional seja capaz de suportar tais coisas. Meu outro erro foi ter acreditado no que você disse, que realmente era de verdade e que seu amor era incondicional.
Então, você fez o inesperado. Disse que nunca me deixaria sozinha ou desamparada. E o fez. Não entendeu que eu precisava resolver o que me incomodava, não considerou que fico fragilizada toda véspera de embarque... Achou que fez o melhor no momento. E eu poderia entender isso se vc tivesse tentado conversar e resolver as pendências depois. Mas você apenas saiu e por dias me ignorou sem se importar com o que eu poderia estar sentindo, apenas porque achava que estava certo (talvez estivesse na sua visão, mas não teve interesse nenhum em ouvir a minha versão).
Dias se passaram , cheguei a considerar que talvez algumas importantes mudanças no que diz respeito a sentimento (de ambos) poderia ter, de alguma maneira, se modificado - e que talvez não fosse uma mudança para melhor.
Antes de embarcar, liguei e você soube o que se passava na minha mente. Ainda assim, ignorou. Nos dias em que estou aqui, não foi capaz de telefonar uma só vez. Encho-me de coragem para ligar, sem querer brigas (embora estivesse meio constrangida e sem saber exatamente o que dizer): apenas porque tudo estava me incomodando muito. E não acho que fugir seja resolver problema algum.
Então, você me pergunta o que lhe dei durante este tempo. Se você não pôde ver, eu também não poderia explicar. Seu olhar deveria ter conseguido perceber. Como meu olhar viu seu lado de sombra, mas também viu seu lado de luz - sem que você precisasse me dizer.
E isso não foi o pior. Pior foi ouvi-lo dizer que só lhe dei "peixe-podre". Se sua intenção era ferir-me, você conseguiu. Há duas coisas que sei fazer muito bem: é auto-crítica e auto-depreciação. Não precisava de sua ajuda para isso. Mesmo assim, não o odeio; certamente você não sabe, nem nunca saberá as consequências nefastas do que me falou. Depois disso, acho que nada mais importava. Nem precisava perguntar se eu estava terminando tudo. É inteligente suficiente para saber que não poderia continuar com alguém que não vê nada (ou quase nada) de bom em mim. Nisso eu me basto (com a unica diferença de que não posso separar-me de mim mesma). Mas talvez não tenha cogitado que gosto tanto de você que jamais continuaria sendo, conscientemente, um estorvo para você. Não, definitivamente você não merece meus "peixes-podres". E você tem qualidades suficientes para atrair alguém que só lhe dê flores. Seja feliz (e desculpe-me, talvez não hoje, mas um dia, por não ter conseguido te fazer feliz).

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